Educação Pública ou Negócio Privado? A Polêmica das PPPs nas Escolas Estaduais de São Paulo

 


No último dia 4 de novembro de 2024, o Consórcio SP + Escolas, liderado pela construtora Agrimat Engenharia e Empreendimentos Ltda, venceu o segundo leilão para a Parceria Público-Privada (PPP) voltada à construção e manutenção de escolas estaduais em São Paulo. 

A proposta de R$ 11,5 milhões mensais do consórcio apresentou um deságio significativo de 22,51% sobre o valor estipulado, configurando-se como uma vitória para o governo paulista no sentido de reduzir custos enquanto promove a ampliação da rede escolar estadual (G1).

Esse projeto é parte de uma estratégia mais ampla do governo Tarcísio de Freitas para terceirizar serviços não pedagógicos nas escolas estaduais. O objetivo declarado é melhorar a infraestrutura e permitir que os gestores educacionais se concentrem exclusivamente nas atividades pedagógicas. 

No Lote Leste, por exemplo, o projeto prevê a construção de 16 novas unidades escolares, abrangendo tanto a Grande São Paulo quanto o interior do estado. Cabe às empresas contratadas a responsabilidade por serviços como manutenção, limpeza, vigilância, portaria e jardinagem, enquanto o Estado mantém a gestão pedagógica.

No entanto, a implementação desse modelo gerou uma série de protestos de estudantes e sindicatos, que criticam a terceirização de serviços dentro das escolas como uma forma de privatização da educação pública. Durante o leilão, houve uma mobilização em frente à B3, a Bolsa de Valores de São Paulo, resultando em confrontos entre manifestantes e a Polícia Militar. Críticos argumentam que essa política pode comprometer a qualidade do ensino e as condições de trabalho dos profissionais da educação, considerando que a introdução de atores privados nas escolas pode gerar conflitos de interesse e levar à precarização de funções essenciais para o ambiente educacional.

Em defesa do projeto, o secretário de Educação, Renato Feder, afirmou que as manifestações são parte legítima da democracia, mas destacou que a maior parte dos professores e estudantes apoia a PPP. Segundo Feder, o modelo de terceirização foi cuidadosamente planejado para aprimorar a infraestrutura escolar e facilitar o foco dos gestores nas atividades pedagógicas. 

Para o secretário, essa divisão de responsabilidades permite uma gestão mais eficiente e menos sobrecarregada, garantindo que os profissionais de educação possam se dedicar mais intensamente ao aprendizado dos alunos (UOL Notícias).

Este leilão é apenas uma parte do projeto mais amplo de PPP Novas Escolas, que visa a construção de 33 novas unidades em 29 municípios do estado, com um investimento total que gira em torno de R$ 2,1 bilhões. O primeiro leilão dessa série ocorreu em 29 de outubro, no qual o Consórcio Novas Escolas Oeste SP saiu vencedor e será responsável pela construção de 17 escolas no Lote Oeste.

O debate em torno da terceirização de serviços nas escolas estaduais de São Paulo evidencia diferentes perspectivas sobre a gestão e a qualidade da educação pública. De um lado, há uma visão que enxerga essa mudança como uma modernização e uma resposta à crescente demanda por eficiência no setor público. De outro, estão aqueles que temem que essa política possa abrir as portas para uma maior intervenção privada em áreas que, segundo eles, deveriam ser integralmente geridas pelo Estado, mantendo-se assim o caráter público da educação. 

Esse embate reflete questões mais amplas sobre o papel do Estado na garantia de uma educação pública e de qualidade e como o uso de recursos públicos pode impactar o acesso à educação para todos.

 

Fontes Consultadas:

Wadson Benfica

Olá! Sou Wadson Benfica, professor e produtor de conteúdo para a web voltados para área educacional.

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